sábado, 25 de fevereiro de 2017

GURPS Descontinuado no Brasil. E agora?


  Uma coisa que se tornou pública esses dias, mas que eu já tinha ficado sabendo a mais tempo: Devir oficialmente abandonou o GURPS no Brasil.
Faz um tempo que mandei uma mensagem pro Facebook da editora perguntando sobre o futuro do GURPS e a resposta foi essa:

  Divulguei essa imagem no GURPS Group Brasil, mas só recentemente o assunto chegou ao público fora do grupo, através de um artigo da REDE RPG.
  Não vou falar mais sobre o artigo, leia e tire suas conclusões.

  Mas por que eu não escrevi sobre isso antes e decidi falar sobre o assunto só agora?
  Eu não julguei tão importante.
  Sério.

  Quem acompanha a história do GURPS não vê isso como novidade. A Devir largou o GURPS em algum momento entre 2012 e agora, ela só decidiu tornar isso oficial. A trajetória de GURPS Quarta Edição no Brasil se resume a um lançamento tardio (cinco anos desde a primeira promessa. O Módulo Básico foi prometido pro Encontro Internacional de RPG de 2005 e só viu a luz do dia em 2010), promessas de um GURPS Magia pra "este ano" desde 2013, uma revisão meio capenga do Módulo Básico em 2015 e o fim da linha agora.
  Mas, claro que a notícia espalhada causou um certo rebuliço na internet, inclusive no próprio GGB. A pergunta que fica é: "E agora?"

 Se você já joga GURPS, seja desde a Terceira Edição, ou se como eu, começou na Quarta, não há nada de novo. A situação é praticamente a mesma do que já estava desde 2011, se você se manteve jogando GURPS pela esperança de um eventual lançamento de suplemento, essa esperança morreu. Se você é como a maioria e já tinha desistido de esperar... Bem, não mudou nada.

  Eu sempre fui contra o dito "Melhor aprender inglês que esperar pela Devir". Aprender inglês não deveria ser pré-requisito para jogar RPG.

  E não é. Tem muito jogo bom em português e os Básicos de GURPS ainda podem ser comprados na própria loja da Devir (Na data em que escrevi esse artigo). E o GURPS Lite pode ser baixado de graça aqui no blog.

  Entretanto, GURPS ainda é publicado lá fora e está numa boa fase. O sucesso do Financiamento Coletivo de Dungeon Fantasy RPG e o lançamento de GURPS Discworld e GURPS Mars Attacks tão aí pra provar isso. Então se você já sabe inglês (ou pretende aprender), sempre é possível beber direto da fonte.

  Se você não joga GURPS, não sabe inglês e não quer aprender, ainda é possível jogar apenas com o Módulo Básico. Uma das vantagens de GURPS é justamente poder fazer muita coisa só com o Básico. Apesar dos suplementos serem realmente bons, eles não são estritamente necessários para jogar boas campanhas.

  GURPS ainda é meio que filho único no Brasil quando se trata de genérico simulacionista, então não tem como dizer que há substitutos pra ele em português. GURPS vai deixar pra trás um nicho que provavelmente não será preenchido, uma vez que esse tipo de RPG não segue a tendência de jogos mais simples ou com maior foco na narrativa.

  Porém, não podemos deixar de lado a possibilidade de outra editora se interessar por GURPS. Acredito que as chances são mínimas, porém, são maiores do que quando a Devir ainda detinha os direitos da marca.
  Até lá, eu continuarei jogando GURPS da mesma forma que venho jogando desde 2011, sem nenhum suporte da Devir.

6 comentários:

  1. eu tenho o gurps em inglês, mas ficava olhando na loja da devir pra quando os dois livros básicos disponíveis, mas nunca tinha ironicamente agora q a devir admitiu não publicará mais nada de gurps eu finalmente encontro os dois. kkkk

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    1. Era bizarramente difícil achar esses livros na loja da Devir, mesmo depois da revisão do MB Personagens. É bom aproveitar e divulgar que eles tão vendendo, por que já tem gente vendendo esses livros na internet como se fossem raridades por preços altos.

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  2. Olha acho que agora vai demorar mesmo para nós vermos o GURPS traduzido novamente.

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  3. Gosto de gurps e jogo a muito tempo. Já faz algum tempo que mestrei gurps pela última vez, quando eu voltar a jogar, será sem suporte dá devir como sempre foi. É melhor saber que a editora não vai lançar mais nada do que ficar esperando algo que nunca vai vir.

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  4. Venho acompanhado os deslizes da Devir há um bom tempo, pois jogo GURPS há quase 20 anos. Não estou defendendo os caras, longe de mim, mas minimamente sei o que passa pela mente deles.

    Um problema é que, infelizmente, RPGs hoje em dia não geram mais para grandes empresas o lucro que geravam nos anos 90, quando o RPG virou febre aqui no Brasil. Sem contar que o RPG em si não estimula o jogador a continuar consumindo, pois os suplementos não são obrigatórios de se usar. E um grupo não precisa comprar a nova edição do jogo se ele ainda está satisfeito com a antiga. Além do mais, cada livro serve pra cerca de uma dúzia de pessoas, levando em conta o número de jogadores que pode passar pelo grupo além do mestre.

    Ao contrário dos board e card games, aonde cada um quer ter o seu próprio exemplar, pra não depender de pegar emprestado. O card game então é melhor ainda pra eles, pois torna os jogadores reféns, já que eles precisam sempre reformular seus baralhos quando sai uma nova edição ou expansão, para estes não ficarem ultrapassados ou fora dos parâmetros oficiais.

    Por isso, eles não investem no RPG, porque não é comercialmente viável pra eles mais. Lembrando que grandes empresas necessitam de grandes movimentações financeiras para sobreviverem. Até ai, tudo bem. O problema é que eles não largam o osso. Além de não publicarem, não permitem que seja publicado por outros. Se 5 a 10 mil cópias é troco de pinga pra eles, libera o GURPS então porra! Pois pra uma pequena editora, esse montante de cópias vendidas é um sucesso decisivo!

    Outro problema é "qualidade" do serviço da Devir. Eles ainda acham que estão nos anos 90, quando eram hegemônicos no mercado de RPG no Brasil. E por não terem concorrência considerável naquela época - outras editoras ainda engatinhavam perto deles - podiam empurrar qualquer serviço porco no mercado, como livros mal traduzidos e diagramados, entre outras coisas.

    Só que hoje estamos vivendo um "boom" de editoras independentes, não só publicando jogos autorais como também traduzindo jogos consagrados lá de fora, além de produzí-los muitas vezes com a mesma qualidade que eles têm no exterior.

    E quem não dá assistência, abre concorrência. Sinal disso é que o próprio Steve Jackson veio ao Brasil para conferir a quantas andava a tradução e distribuição de seus jogos pela Devir. Depois de ver a merda que eles estavam fazendo, decidiu não renovar os contratos com a Devir no Brasil. O bom disso tudo que é questão de tempo até uma editora que preste comece a produzir o GURPS e os demais RPGs da SJG.

    Por isso costumo falar que muito em breve o Golias Devir vai ser apedrejado até a morte por uma multidão de Davis Indie ou por outras grandes empresas mais preparadas para esse mercado. E quando esse dia chegar, os meu dois sonhos são ver o GURPS na mão de uma Jambô ou de uma Redbox e o Magic na mão da Copag ou da Galápagos.

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  5. Muitos fãs de GURPS dizendo "adeus e obrigado pelos peixes" para a Devir.

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